*VANESSA CORREA
da Revista da Folha
O que os galgos têm em comum? Seus corpinhos magros? Fácil. O que mais? Vá até Higienópolis, Bela Vista ou Jardins, bairros onde os exóticos whippets e greyhounds italianos podem ser vistos com facilidade. Pergunte ao dono de um desses elegantes cães o que ele faz da vida. A chance de estar diante de um produtor de moda, designer de interiores, chef ou outros profissionais descolados é maior do que a de encontrar um estilista na São Paulo Fashion Week.
da Revista da Folha
O que os galgos têm em comum? Seus corpinhos magros? Fácil. O que mais? Vá até Higienópolis, Bela Vista ou Jardins, bairros onde os exóticos whippets e greyhounds italianos podem ser vistos com facilidade. Pergunte ao dono de um desses elegantes cães o que ele faz da vida. A chance de estar diante de um produtor de moda, designer de interiores, chef ou outros profissionais descolados é maior do que a de encontrar um estilista na São Paulo Fashion Week.
Agora, peça ao dono do galgo para falar de seu pet. Todos vão descrever a docilidade e obediência do bicho, mas exibirão um orgulho incontido ao se gabar do apego do cão ao dono. É um animal afetuoso e excelente companhia.
O chef Maurício Araújo, 30, vive recusando convites dos amigos para ir à balada, e deixa o motivo bem claro: "Desculpe-me, mas hoje vou preferir ficar em casa com a Sophia". A cadela whippet viaja com ele, dorme na casa de amigos e até a festinhas ela vai, ocasiões em que fica quietinha em um lugar designado pelo anfitrião, de tão obediente que é.
Chef Maurício Araújo, 30, troca a balada pela companhia da whippet Sophia, que viaja, dorme e vai a festas com o dono |
Chloé, mãe de Sophia, também acata ordens com docilidade, mas tem um ponto fraco: chocolate. A cadela com nome de grife francesa já foi flagrada comendo três pacotes! Galgos são também asseados e, segundo os donos, parecem "nascer sabendo" muitas coisas. Uma delas é como fazer as necessidades. A veterinária Luciane Oliveira, 33, especialista nesse tipo de cão, se diverte ao contar uma mania de sua greyhound, raça menor que a whippet. Quando Belinha faz cocô à noite, no tapetinho higiênico, corre para acordar a dona. Não disfarça a cara de nojo, como se implorasse para que a sujeira fosse logo jogada fora.
São cães "extremamente finos". Assim é Armani -de novo a tentação de homenagear a elegância canina com nomes do universo fashion-, o greyhound italiano do arquiteto Carlos Fortes, 44. O cão sai da sala quando tem alguém discutindo. Tal delicadeza se fez notar desde a tenra infância. Enquanto outros filhotes se contentavam com sapatos e pés de mesa, ele preferia roer os quadros que decoravam o apartamento de seu dono.
Pioneiro nos Jardins
O designer de interiores Lucas Alvarez, 54, também tem um lebréu italiano -outro nome do greyhound- e reivindica ser o pioneiro a circular com um galgo pelos Jardins: comprou Nina há 13 anos. Além dela, Alvarez tem um whippet.
Os dois pets dormem abraçados, em um edredon ou almofada: se recusam a deitar no chão. A questão nem é de frescura. Os corpos magrinhos, com baixíssimo teor de gordura, fazem deles cães sensíveis ao frio. Mesmo o relações-públicas Vicente Negrão, 41, para quem "cachorro é cachorro", não deixa de colocar um pijama no whippet Diego antes de o cão ir dormir no quartinho dos fundos. "Seria crueldade não botar a roupa." Apesar de linha dura, Negrão admite que Diego é um cão sensível: "Ele saca o meu humor."
Arquiteto Carlos Fortes, 44, com o greyhound italiano Armani, que não tolera discussões e sai da sala quando alguém briga |
Da sensibilidade ou, indo mais longe, da inteligência dos galgos, Ricardo Bongiovanni, 42, talvez seja o maior entusiasta. Quando o piloto de avião faz as malas para trabalhar, o whippet Kirov Von Pj Goldenesblut, 10, fica deitado na cama: sabe que não vai. Se o conteúdo (seria a dica?) da mala é de passeio, o cão de nome e sobrenome pomposos fica elétrico. "É impressionante!", diz o dono.
Embora necessitem de atividade física, como todos os bichos, há uma falsa ideia de que whippets e lebréis são naturalmente atléticos por descenderem dos famosos cães de corrida greyhound. Não é bem assim. Todo atleta precisa de treino. Observada a regularidade, eles podem, no entanto, se tornar ótimos parceiros nos exercícios. O corretor de seguros (enfim uma profissão convencional) Raul Xavier, 37, comprou Fred, um whippet de nove meses. Além de conseguir acompanhá-lo por 45 minutos de corrida, o pet pede mais. "Quando termino, ele nem se cansou", afirma Xavier, mais um orgulhoso dono de galgo.
Raio-x
GALGOS OU LEBRÉIS
Cães desenvolvidos para a caça com auxílio predominante da visão, em vez do faro. Têm corpo delgado e pernas longas, o que lhes dá extrema agilidade e velocidade. Entre as raças mais comuns no Brasil estão o whippet e o pequeno lebréu italiano, ambos de pelo curto. Afghanhounds e salukis, de pelagem mais longa, também podem ser encontrados. O mais famoso é o greyhound, popular em corridas e capaz de atingir 75 km/h
CARACTERÍSTICAS
São excelentes cães de companhia, muito ligados ao dono. Apesar de esportivos e cheios de energia, apresentam temperamento calmo no ambiente doméstico. Aprendem rápido, são obedientes e não costumam latir
CUIDADOS
Algumas linhagens de whippets e lebréis italianos são predispostas à sarna. Ao comprar um filhote, procure saber se ele provém de uma linhagem sadia. As pernas longas também os tornam susceptíveis a fraturas
Fontes: Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), The Kennel Club (Britânico), The American Whippet Club e Italian Greyhound Club of America.
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